A família Pinto. Por gerações, a prosperidade parecia uma miragem no deserto para eles. Os Homens só queriam saber de amigos no bar e cachaça e, bem, digamos que a cegonha parecia ter se esquecido do endereço deles. Até apelidaram, com humor negro, a fase ruim de praga hereditária, mas no fundo, a situação estava mais para comédia de erros com pitadas de tragédia grega.
De videntes a espíritas, de hipnólogos a benzedeiras com chapéu de palha, eles tentaram de tudo para ficarem livres das bad vibes. Até que, numa dessas buscas desesperadas, foram parar em Portugal.
Lá, em meio a pastéis de nata e azulejos, uma vidente com um olhar que parecia ter visto uns quinhentos anos de fofoca familiar revelou a eles a verdade chocante:
a praga vinha de um mal-entendido tão, mas tão besta, que era de cair o queixo!
Imaginem só: a tataravó Joaquina, uma senhora que, segundo os relatos, tinha um temperamento mais explosivo que rojão de festa junina, teve uma briga homérica com a tataravó Jupirinha, que não ficava muito atrás em matéria de pavio curto. O motivo? Uma fofoca mal contada envolvendo homônimos!
Acontece que um tal Manuel da padaria estava reclamando de um Joaquim da feira, que devia dinheiro para ele e ainda por cima falava mal da broa de milho.
Um vizinho fofoqueiro, com a audição meio prejudicada, escutou a conversa de longe e entendeu que a Joaquina da família Pinto estava sendo malhada por um Joaquim de outra família.
O vizinho, sem pensar duas vezes, correu para contar à Joaquina, que não era a Joaquina da padaria, mas sim a tataravó Joaquina, a de pavio curto.
Joaquina, num acesso de fúria por terem "falado mal dela", jurou vingança! Mas a Jupirinha, que por um acaso estava passando na hora e ouviu parte da fofoca distorcida do vizinho, achou que Joaquina estava era brigando com a família dela. A coisa degringolou numa baixaria de palavrões digna de peça de teatro de Vaudeville.
- Ôh, Joaquina, minha filha, onde é que tu aprendeste tantos palavrões?
- Na tua casa, rameirinha...
- *^%$#@
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Joaquina, irada e convencida de que sua honra havia sido atacada, praguejou a Jupirinha e toda a sua descendência. E, meus amigos, essa praga pegou!
O jeito foi fazer uma viagem no tempo (literalmente, com a ajuda de um "hipnólogo quântico", ou sabe-se lá o que era aquilo!) para interferir na briga.
A cena? Impagável: Joaquina, com seu avental florido, gesticulando como uma maestrina regendo uma orquestra de xingamentos, e Jupirinha, com seus rolinhos no cabelo, respondendo à altura, cuspindo fogo pelas ventas. A família Pinto ali, tentando acalmar as ânimos, segurando o riso, enquanto as duas soltavam os cachorros uma na outra por causa de um Manuel que reclamava de um Joaquim que nada tinha a ver com elas!
No final das contas, conseguiram desenrolar a confusão dos Manueis e Joaquins.
Um deles, vestido de São Picolino, explicou o mal entendido. E assim, com a intervenção em um passado hilário e cheio de impropérios, tudo ficou mais leve.
A família Pinto, de repente, começou a prosperar, os homens a encontrar suas amigas certas e enchendo as casas de crianças.
Eles riem até hoje das tataravós Joaquina e Jupirinha de Portugal. Elas eram, sem dúvida, ao mesmo tempo que austeras, muito engraçadas. Pelo menos, se a família herdou alguma coisa delas, foi o humor. E, convenhamos, num mundo cheio de pragas e maldições, um bom senso de humor já é meio caminho andado para o entendimento e a felicidade, não é mesmo?
Muito obrigada por sua leitura! 📚 📚
Escrevo terrir: terror para rir.
As trilhas sonoras, também as crio.