Deus particular

Deus: Uma Perspectiva Pessoal e Cósmica

Minha compreensão de Deus reside na experiência da totalidade, da qual somos tanto fragmentos quanto expressões integrais.

A questão "o que é e quem é Deus para mim?" encontra ressonância na própria gênese da minha existência: nasci impulsionada pela força criadora que se manifesta intrinsecamente na natureza e na vida. Assim, meu "Deus particular" ecoa a visão de Espinosa, um Deus imanente à própria realidade.

Nessa perspectiva, inclino-me ao determinismo. A força inteligente e benevolente que chamo de Deus equilibrou e programou o universo em sua totalidade. Reconheço a possibilidade de múltiplas manifestações dessa força criadora, diversas origens que nos dotaram de inteligência e espírito, mas que, em nossa percepção, convergem para uma unidade.

Observo aqueles que se declaram ateus e percebo, muitas vezes, uma rejeição não da essência divina em si, mas da forma como ela é frequentemente concebida e ensinada: um Deus distante, sobrenatural, intervencionista, que ouve preces e realiza milagres no sentido estrito, que conforta, castiga e perdoa; por vezes, antropomórfico.

Para mim, o verdadeiro milagre reside na nossa própria existência, na vitalidade pulsante que permeia tudo. A vida, em sua plenitude, abrangendo tanto a abundância quanto a escassez, é a manifestação derradeira dessa força. O restante – as interpretações, os dogmas, as construções humanas – são apenas isso: criações da nossa espécie. Não somos os arquitetos finais do nosso destino, não somos nós no controle, mas sim parte de uma tapeçaria cósmica muito maior.