Outro dia, ouvi o áudio de um motorista de aplicativo, que pegou uma passageira na entrada de uma comunidade, que fazia fronteira com um cemitério, e cujo filho tinha sido morto pela contravenção.
Uma senhora muito educada, calma, parda, com aspecto de pessoa humilde e sofrida. As rugas de expressão expunham sua alma.
Ela foi ao IML, reconhecer o corpo, porém só havia corpo, não tinha a cabeça. Lá, disseram a ela que sem a cabeça, o filho seria enterrado como indigente.
Foi, então, buscar a cabeça do filho, porque sabia onde ele tinha sido morto. Atravessou cerca de um quilômetro de mata fechada, à noite, mata esta entre o cemitério e a comunidade.
O motorista perguntou: e onde está a cabeça do seu filho? Ela abriu umas sacolas de mercado e mostrou: está aqui! Estou levando para o IML. 😢
Nesse momento, teve uma espécie de vertigem e pavor a poucos metros do desembarque da senhora. Nem soube como conseguiu estacionar para ela saltar. Sinceramente, nem a viu saindo do carro, tão inerte que ficou. Na hora de fechar a corrida, deu pane no aplicativo e todos os dados sumiram.
Não sabe se foi assombração ou se foi uma mãe querendo dar um enterro digno ao filho. 🤷♂️
Melhor não saber mesmo!🤪
Coisas de um Purgatório chamado de Rio de Janeiro.
Muito obrigada por sua leitura! E se tiver curiosidade, fique a vontade para ouvir meus áudios musicais.