SOBRE FANTASMAS NAS ESCOLAS
Dia desses, estava dando aula, sala cheia. A mesma porta de entrada serve para a saída. Fica do lado oposto ao quadro negro. Andar térreo, há janelas, quase que permanentemente fechadas. O Colégio Estadual foi fundado em 1930. A arquitetura permanece original. Janelas e portas de madeira, vitrais, painéis de azulejos. Arcos mouriscos, colunas, toda em tom pastel. Quase de frente, para o cemitério.
Sim, estava eu entre o quadro negro e a minha mesa, quando vem de lá dos fundos um rapaz bonito, branquinho, alto, com uma camisa branca de tecido, põe a mão no meu ombro e diz:
- Oi, tudo bem, professora?
Eu estava meio de lado e respondi, sorrindo:
-Tudo bem, e você?
E ele passou direto por mim, tocou o meu ombro e sumiu na direção do quadro.
Eu perguntei para umas alunas que estavam na frente:
-Quem passou aqui agora?
A resposta foi:
-Ninguém, professora!
Bem, este tipo de coisa, não se pode afirmar se é delírio, se é fruto do cansaço, se pode sair em alguma filmagem. Se é alguma energia deixada naquela sala que só os sensíveis conseguem captar e ver.
Escolas, por apresentarem razão e emoção, saber e sentimento, são locais onde pensamentos ficam presos.
Tempos depois, soube que houve um assassinato na mesma sala de aula, na década de oitenta. Em quais circunstâncias, não tive informações.
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O FANTASMA DO CEMITÉRIO
Fiz uma especialização em Literatura Brasileira na UERJ. Foram dois semestres, sendo que um deles, dedicado à Machado de Assis.
Quase no fim desta etapa, contratamos um guia, um historiador que nos levou para conhecer os locais em que o escritor frequentava.
Por último, foram a casa onde nasceu, no Morro do Livramento, e o túmulo no Cemitério São João Batista, antes de levarem os restos mortais para a ABL.
No cemitério, senti uma energia pesada invadir meu ser.
Depois disto, toda a turma foi tomar um chope no Planeta do Chopp, que ficava entre as ruas São Francisco Xavier e 28 de setembro. Agora que me dei conta de que é uma tremenda de uma encruzilhada.
Estava com aquele mal-estar, aquele carregamento, quando dei a primeira golada na bebida. Imediatamente a energia saiu violentamente do meu corpo, puxada, como se fosse um elástico.
Aí não sei dizer se o "espírito" queria tomar um gole de chope e me acompanhou até lá, ou se queria se encostar mas não gostou do chope, Ou uma série de outras possibilidades. Este mundo espiritual é uma incógnita, uma extensão dos seres. O cérebro dos seres vivos é muito poderoso. Pode o corpo inteiro ter morrido, mas ele continua trabalhando, até se decompor.
Muito obrigada por sua visita e leitura.