RESUMO DA HISTÓRIA DE AMOR ENTRE LYGIA E TININHA
Foi perto de um banco de cimento corrido, na praça do metrô do Estácio, saída ou entrada pelo lado do Estácio, que avistei minha Tininha pela primeira vez, quase em frente ao portão de saída com vista para o Comitê dos jogos olímpicos. Eu estava passeando com a minha bela pointerlata Lilica. Tininha estava parada, como se estivesse meditando, com olhar inteligente. Um moço passou e perguntou se ela era minha, eu disse que não, meio envergonhada, porque a cachorrinha estava magrinha, maltratada, mas era bonitinha a danada: porte pequeno para médio, preta, pelo liso e brilhante, com peito e patas brancas, rabo todo preto com a ponta branca, bolota do focinho preta, com o entorno branco e uma "estrela" da mesma cor na cabeça, tinha tido filhotes recentemente, mas não estavam mais com ela. Fui mexer com ela, estalando os dedos e a língua para chamá-la, ela já havia me visto e acho que se eu não a tivesse chamado, mesmo assim viria até mim. Depois disto, ela ficava em pé e se apoiava na minha cintura, ganindo desesperada, quase uma fala humana, nem teve medo da outra. Aí percebi que ela estava me pedindo um lar porque já havia sofrido bastante nas ruas. Como era época de eleição, um rapaz conseguiu um arame grande e flexível de um poster de um candidado para não machucá-la, ou melhor, de uma candidata de quem eu não me lembro do nome, para usar como coleira. A trouxe para casa, ela estava evacuando sangue e com pulgas e carrapatos. Dei logo a pastilha anipulgas e carrapatos e passei um spray. No dia seguinte, não tinha mais nada desses insetos nefastos e nocivos. Percebi também que não comia ração. A coloquei numa coleira e a amarrei no pé da mesa, pois tenho outros animais e se ela estivesse com alguma doença, não passaria para os meus outros bichos. No dia seguinte, a levei ao veterinário que disse que ela estava bem, mas com um problema no aparelho digestivo que precisava ser tratado. Tininha era apenas uma filhote de dez meses e já tinha tido uma ninhada. Ela sofreu muito, deve ter apanhado muito, uma bichinha tão amorosa, tão carinhosa, tão especial. Não consigo entender o porquê das pessoas maltratarem bichos tão bonzinhos.
Eu, apesar de ter gostado da Tininha, não queria ficar com ela, aliás, queria, mas não podia porque moro num apartamento pequeno. Só que eu fui me apegando e vendo a bichinha tão tristinha, disse a ela: "Minha filhinha, vive pra mamãe!" No dia seguinte, a bichinha já estava mais alegre e depois foi melhorando e já brincando e interagindo com os outros animais. Ela estava tão feliz no ambiente, que seria uma judiação total doá-la. A partir dali, foi minha companheira inseparável, onde eu ia, ia também, participava de tudo, era muito inteligente, aprendia tudo com facilidade. Todos os dias, vinha me acordar muito cedo, vinha me cutucar com a patinha e resmungando baixinho, quase uma fala.
Tininha saía imponente, com orgulho de estar passeando em minha companhia, como se estivesse ostentando: "Estão vendo? Eu tenho uma "dona" a quem eu amo muito e sou muito amada por ela!". Foi um ano e nove meses do mais puro e sincero amor.
Infelizmente, há alguns dias, um infarto levou minha tão amada Tininha, com dois anos e nove meses. Ela se foi silenciosamente, tão suavemente e discretamente como chegou. Um anjo. Agora, vou esperar chegar a urna com as cinzas, convidei pessoas que amavam a Tininha para participarem da despedida: vou espalhar metade das cinzas no lugar onde esta tão grande e bonita história de amizade e amor começou.
LYGIA VICTORIA
Enviado por LYGIA VICTORIA em 24/06/2016
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