Este é um relato para um fato que aconteceu comigo, recentemente, porém não achei classificação adequada no Recanto e publiquei como conto. Bem, é por causa de todos os "fenômenos" que passei e passo, que escrevo contos surreiais, terrir e terror.
VISITA DO MEU AMIGO DESENGANADO
VISITA DO MEU AMIGO DESENGANADO
Éramos unha e carne. Anos e anos a fio, saindo juntos para restaurantes, bares, cinema, teatro, neste nosso Rio de Janeiro maravilhoso. Praia, Zona Sul. Viagens.
Ele vivia para o ofício com paixão: o magistério. Morava com a mãe. Ele era o último da família, não tinha pai, nem tio, tia, avós, irmãos. Tudo mudou quando a a amada genitora o faltou. Perdeu a alegria de viver.
Eu era a sua amiga mais próxima. Cuidei da mãe dele antes dela falecer. De repente, o ódio que sentiu do mundo por ter sido hostíi à ela, catalizou-se até mim. Virei o alvo principal da revolta. E como era um homem grande, com toda aquela agressividade, tudo o que poderia ter feito por ele, eu fiz. Ainda se aproximaram dele pessoas interesseiras que queriam me ver longe. Então, para que a minha vida andasse, resolvi deixá-lo para trás.
Cerca de um mês antes de ser internado, ele me ligou várias vezes e nos falamos várias vezes, mas eu não keria mais contato físico com ele. Pra quê?!
Vinda de Angra dos Reis, depois do carnaval. Como estava cansada da viagem, tentei repousar o corpo na cama e quando comecei a cochilar, de barriga para cima e com as mãos nela, senti umas mãos fortes pegarem as minhas e as soltarem. Com o sono, caíam pesadas sobre o meu corpo. Isto por várias vezes, também pegavam meus pés. As mãos estavam meio frias. Mas não senti cheiro. Por isso não identifiquei quem ou o que era, Encarei como um aviso e avisei minha irmã de que logo eu teria uma notícia. E, no dia seguinte minha mãe me disse que meu amigo estava no CTI desenganado. Quando cheguei no hospital, eu chorei muito por lembrar da gente novinho, aprontando todas, num amor mútuo tão grande! Fui algumas outras vezes ao hospital durante o tempo que ele durou a mais: uma semana.
Eu não acredito em vida após a morte, nem em reencarnação. Para mim, tudo é daqui mesmo, deste plano. Meu querido amigo teve forças para se projetar até mim quando estava em coma.
Só posso dizer que com meu amigo também foi enterrada uma parte muito bonita da nossa juventude.
A morte é tão estranha quanto a vida.
LYGIA VICTORIA
Enviado por LYGIA VICTORIA em 21/03/2016
Alterado em 21/03/2016
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